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terça-feira, 18 de agosto de 2020

ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA


ENTREVISTA 06


Olá!

Na entrevista de hoje, trago as percepções da professora Cristiana, que atua em uma escola pública em Gravataí e percebe, através do feedback dos estudantes e suas famílias, que a empatia dos pais em relação à dificuldade do trabalho dos professores aumentou em virtude do maior tempo que passam auxiliando seus filhos nos estudos. 

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Cristiana: Professora Cristina ,EMEF, 3º ano.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma? 
Cristiana: São estudantes de classe socioeconômica D e E. é uma turma bastante agitada, com 20 alunos, sendo 13 meninas e 7 meninos. Temos 2 alunos de inclusão com laudo ( TEA e CID10-F71) e 4 sob investigação , sendo que estavam em andamento e por conta da pandemia muitos processos foram protelados. Trata-se de um 3 ano com apenas 12 alunos alfabetizados, sendo 8 desses com fluência e não apenas decodificação.
A maioria estuda junto desde o pré 2 na escola e se conhecem  bem. Nesta turma temos 4 repetentes, sendo que ano passado haviam duas turmas de 3º ano que se tornaram uma só, que é esta. Veio portanto dois alunos de cada uma daquelas turmas, que precisaram de mais um ano para atingir as competências deste ano, dentre elas ler e escrever.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano? 
Cristiana: Somente por comentários da professora do ano anterior e de vê-los no pátio da escola e em confraternizações, apresentações, etc.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Cristiana: As crianças têm recebido as atividades  na escola, em datas estipuladas, onde pode ir apenas um responsável seguindo os protocolos de cuidados (máscara, distanciamento, etc.).Entrego as atividades e no mesmo horário condizente com as aulas na escola eu atendo os alunos pelo celular, via Whatssap. Por ali, todos os dias eu os cumprimento, realizo mensagens de incentivos e tiro dúvidas a respeito das atividades que eles já, nesse momento têm em mãos). Fico feliz por ter conseguido através desse sistema dar uma atenção em particular aos que ainda não haviam se alfabetizado. 3 deles começaram a ler com entusiasmo e motivados estão avançando. 
Envio vídeos com histórias, explicações, conto por ligação aos que não têm a rede social (são 2 alunos) e nos organizamos assim. Também é importante ressaltar que algumas famílias sentem vergonha de colocar no grupo suas atividades que são registrada por fotos (exemplo: jogos, advinhas, atividades físicas, etc.) Nesses casos, no horário de aula, eles enviam em particular.
Também há os pais que precisam de atendimento de noite. E eu preciso compreender, que a criança estaria em aula das 13h as 17h e esses pais só poderiam realizar atividades quando retornam do trabalho para suas casas, portanto, me disponibilizo a atende-los.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Cristiana: De início, fomos orientados a entregar atividades que correspondiam ao ano anterior, visto que estávamos apenas no começo do ano quando a Pandemia chegou, ou seja, não foi autorizado avançar. E fomos orientados a entregar a mesma atividade a todos, que fosse possível ser entregue de forma física e de forma digital.
Para os que vieram com maior dificuldade, realizo atendimento particular pelo telefone pedindo a observação dos pontos em que erraram e vamos lendo e reorganizando, pois os erros nos ensinam muito.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Cristiana: Bem, após a terceira entrega de atividades, podemos avançar um conteúdo , e essas atividades vão retornar agora. A maioria viu os vídeos e conseguiu realizar, trata-se de Medidas de comprimento e Sinais de pontuação.
Entretanto, percebo sim, que  aqueles estudantes que eram mais dispersos na atenção, se viram mais cobrados por seus pais e esses por sua vez viram os comportamentos de seus filhos e estão se surpreendendo. Acredito ter observado habilidades organizacionais, de leitura digital, de escrita digital, de criação de vídeos, de expressões orais de seus sentimentos, valorização da escola, do espaço e da rotina dentro da vida. E por que não, habilidade dos próprios pais em perceberem o papel da escola nisso tudo.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê? 
Cristiana: Considero viável a criança perceber isso , utilizarmos isso, mas principalmente ela saber que é junto com as demais aptidões que o todo se forma. Por exemplo, tenho um aluno músico, mas com problemas sérios de disciplina. Tenho uma aluna que todos gostam por seu carisma e altruísmo, mas ela tem sérias dificuldades de leitura. Os dois alunos em sala de aula se dão muito bem. Ela neutraliza o lado “indisciplinado” dele. E ele . rápido na escrita  e leitura a incentiva a ler e escrever, inclusive pelo Whatssap, pois se falam.
Nesse caso e em muitos outros a aptidão é bem vinda. Mas, a Educação contempla o todo e esse todo precisa ser oportunizado. Portanto, aquele aluno com aptidão matemática, precisa ser estimulado na Língua portuguesa, Geografia, Ciências, etc... Visto que os conhecimentos  se conectam a todo momento. Portanto, é viável focar nas aptidões, mas não acontecerá sempre.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual? 
Cristiana: Meus critérios são a descrição das participações, análise do comprometimento, a própria correção das atividades que retornam e se este aluno avança do seu ponto de partida. Eu anoto tudo que acontece, ligo para saber como estão, proponho montagem de vídeos e estou sempre atenta ao silêncio. Pois, é algo nunca vivido anteriormente e pelo mundo todo, eu mesmo estou aprendendo demais com tudo isso. 

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Cristiana: Sim. A tecnologia, embora alguns professores resistam, para os alunos é muito bem vinda. Eles se sentem mais livres para se expressar e me surpreenderam o dia em que eu disse que não queria áudios, queria vê-los escrever nas mensagens. Eles pediram que eu escrevesse em letra bastão e nossa comunicação aconteceu, com os mesmos erros ortográficos que teriam em sala de aula, mas todos os alunos participaram.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância? 
Cristiana: Muito. É deles que vem toda a organização em casa, a cobrança e envolvimento. Sem a participação dos pais é impossível.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos? 
Cristiana: São extremamente sensíveis e agem de forma diferente ao que está acontecendo. A maioria é consciente e se cuida, mas há uma minoria descrente da doença e que age como se não houvesse nada. São comportamentos de defesa eu acredito. Não acreditar os faz , no pensamento deles, passar por tudo isso mais rápido. Já os que acreditam, se mostram ansiosos, mandam mensagens de saudade e de angústia pela volta da normalidade.
A turma é muito afetiva, e sinto que esse é o caminho. Quando percebo que estão se distanciando, monto vídeos deles, mando mensagens com montagens e  trago de volta. É emocionante.

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Cristiana: Sim. Sei que com 4 alunos terei que retomar, pois demonstram desinteresse por realizar as atividades e embrabecem com seus pais. Pois, para eles é na escola a aula e não em casa. Percebo, que a maioria não está totalmente pronta , mas realiza as atividades propostas. Acredito que ninguém estava pronto para isso, na verdade. Mas a maioria se adaptou com o passar do tempo. E fico feliz que alguns sejam sinceros e demonstrem o que sentem, isso também é valioso, só assim depois eu terei os dados necessários para retomar e dialogar.

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Cristiana: Somente na faculdade, no 3º semestre, em 2015. Foi apenas 4 horas, mas precisava mais. Sim, tenho interesse.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Cristiana: Não. Na verdade tivemos reuniões on-line e muito diálogo sobre a importância da participação mais do que os resultados em si. Fomos orientados a manter o vínculo com os alunos e avançar conforme nos sentíamos à vontade com isso. Como se trata de algo novo, e as crianças receberam por meio físico e são orientadas, as metas estão sendo cumpridas dentro desse contexto de Pandemia. E já houve uma reorganização por  parte da Secretaria de Educação para que isso tudo seja somado e dentro de um novo cronograma esse ano seja concluído. Sinto-me segura de que as coisas irão se organizar.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Cristiana: Sim. As famílias cobram o avanço das atividades e a volta para a escola. Bem como pressionam que eu avance mais, pensando em seus filhos e não no todo. Principalmente com a orientação de enviar as mesmas atividades a todos, pois os alunos mais avançados queriam ir além. 

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Cristiana: Eu sinto medo de ser incompetente e desconforto por saber que nem todos os alunos têm o mesmo acesso. Esse medo tem a ver com a cobrança que faço a mim mesma, pois quero que meus alunos aprendam , mas ao mesmo tempo sei que é um período de cuidados e a prioridade é a saúde. 
Tenho medo maior de ficar com essa doença. Vem vários pensamentos na verdade, a vontade de voltar, mas o medo de ficar doente e em saber que a maioria dos alunos ficam com os avós (grupo de risco) no turno inverso à escola ou aguardando os pais chegarem.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Cristiana: Que eu preciso me atualizar quanto às metodologias de ensino à distância, inclusive iniciei Pós graduação. Que s escola é fundamental em aspectos sociais, de rotina, socialização e organização. Que a saúde e Educação são áreas  que precisam de enorme atenção, principalmente em seus suportes tecnológicos e valorização da Ciência.
Que Educar e aprender à distância é para quem tem perfil e suporte de recursos. E muitas vezes se tem um e não se tem o outro. 

(* resposta opcional)

Quero agradecer a participação da professora neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

COMO FICA A ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA?


ENTREVISTA 05


Olá!

Para hoje, trago a entrevista com a professora Luciana T., que atua em uma escola municipal de Gravataí e está se reinventando nesse período atípico para ensinar usando ferramentas de informática.


Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma? 
LT: Alunos com 6 e 7 ano, não alfabetizados.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano? 
LT: Não

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
LT:  Utilizo WhatsApp para comunicados, orientações e para não perder o vínculo com as famílias e a criança. Enviamos atividades quinzenais para a casa e explico pelo WhatsApp as atividades. 

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
LT: Realizando atividades que contemplem todos os níveis da alfabetização.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
LT: Não.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê? 
LT: Sim. Porque assim realizo atividades desafiadoras para desenvolver ainda mais suas aptidões trabalhando a partir dos seus conhecimentos.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual? 
LT: À distância e no formato que estamos utilizando não consigo avaliar.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
LT: Apenas pelos relatos através do WhatsApp, contudo nem todos participam ativamente no grupo.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância? 
LT: Com certeza, mas alguns pais não participam.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos? 
LT: No momento, recebo áudios de alguns alunos dizendo que estão com saudades. Aparentemente estão bem.

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
LT: Não.

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
LT: Já li alguma coisa. Eu gostaria de aprender mais.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
LT: O tempo todo.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
LT: Um pouco. Até sinto falta dos pais.

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
LT: Estou angustiada pois está sendo impossível alfabetizar assim.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
LT: Que precisamos nos reinventar a cada dia. Que tenho muito a aprender.

Quero agradecer a participação da professora Luciana neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.


Uma grande abraço!



terça-feira, 11 de agosto de 2020

ALFABETIZAR NA PANDEMIA

ENTREVISTA 04


Olá!

FELIZ DIA DO ESTUDANTE A TODOS AQUELES QUE TÊM SEDE DO SABER!

Nesta quarta entrevista, conversei com uma professora cujo trabalho eu admiro bastante e que me pede sigilo de seu nome.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
E4: Prefiro sigilo, 3° ano da rede pública municipal de Gravataí.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
E4: Alunos de 8 e 9 anos. A maioria já era aluno da escola e muitos fizeram o pré na escola. Uma inclusão e dois em investigação. Turma muito afetiva, com vinculo de amizades, turma curiosa, falante, cooperativa e participativa e as famílias também. Em torno de 7 que ainda estão na transição da fase silábica para a silábica alfabética e com dificuldades, neste caso se enquadra a inclusão.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
E4: Sim, quase toda a turma já havia sido minha no ano de pré e alguns terminaram o ano na fase silábicos e silábicos alfabéticos.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
E4: Desde o início do isolamento, estava enviando atividades pelo grupo da turma, ou entregando atividades impressas para quem não tinha acesso, (por minha conta, para não perder o processo que estávamos em andamento e o vínculo com eles). Depois por determinação da mantenedora, começamos a enviar atividades de acordo com as orientações. No meu caso, começamos a focar bem nas revisões de conteúdo do ano anterior, sempre procurei enviar atividades de acordo com o grupo e com o que queria atingir, focava em enviar algo a mais e que os fizessem pensar, raciocínio lógico. E preparo atividades diferenciadas, mas com o mesmo conteúdo para os alunos em níveis diferentes, tentando buscar a evolução de cada um, dentro da sua diversidade em aprender.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
E4: Em sala, procurava manter o mesmo conteúdo de forma diversificada para todos, busco sempre a partir de jogos e da ludicidade atingir o objetivo de aprendizagem com os alunos.
No isolamento, tento planejar atividades que contemplem as habilidades a serem trabalhadas de diferentes formas, e para os diferentes níveis que tenho dentro da turma, procuro criar e montar jogos que as famílias podem auxilia-los e até mesmo participar de forma ativa no ensino-aprendizado deles. 

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
E4: Na grande maioria sim, pois as famílias são bem participativas, procuro diariamente estar em contato com elas, e peço que sempre me relatem quais dificuldades estão encontrando e em qual conteúdo mais especifico, procuro orienta-las como trabalhar tal situação e tranquiliza-las, pois noto muita angustia na maioria, por não conseguir ajudar os filhos.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
E4: Sim, e tentar trabalhar dentro daquilo que se tenha mais aptidão o restante. Exemplo seria buscar trabalhar com uma criança que se sai muito bem em matemática e tem dificuldades na leitura, um jogo que incentive ela a ler de forma lúdica, trabalhando a matemática que ela gosta e se sai bem.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
E4: Como já mencionei procuro estar em contato com as famílias para uma melhor avaliação, claro que não consigo isso com todos, pois nesse atual momento tudo ficou mais difícil, porém conheço meus alunos e sei do que são capazes e o quanto conseguem evoluir de acordo com o conteúdo trabalhado. 

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
E4: Na maioria sim, outros já não consigo ter esse contato e retorno adequado, procuro mandar sempre no grupo da turma e para alguns no privado, diferentes gêneros para leitura, desde gibis a literaturas mais apropriadas para cada um, e recebo alguns retornos encantadores, de áudios deles lendo e pedindo mais livros.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
E4: Da maioria da turma sim, alguns me contatam no privado pedindo auxilio em determinadas situações e de como proceder, se estão certos, como melhorar.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
E4: De alguns consigo ter mais noção e discernimento, mas os relatos da grande maioria é que está cada vez mais difícil lidar com isso tudo dentro dos lares.

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
E4: Acredito que pronto ninguém está, estamos nos adaptando e tentando resolver tudo da melhor forma possível, alguns conseguem ter uma resiliência melhor e mais rápida que outros e isso que devemos levar em consideração na hora de planejar a distância, principalmente o fato que não seremos nós a conduzir a proposta e ter esse olhar diferenciado para cada aluno.

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
E4: Li muito pouco sobre o assunto, e gostaria sim de aprender mais.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
E4: Não me sinto cobrada pela gestão, visto que tenho uma equipe muito boa, que está sempre disposta a ajudar e tirar minhas dúvidas, que conhece meus alunos e suas famílias, ficando assim, mais próxima da minha realidade dentro da turma.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
E4: Nenhum pouco, tenho famílias maravilhosas comigo, que apoiam meu trabalho e pegam junto comigo nas minhas “loucuras” como digo, sempre que proponho algo diferente e ousado tenho elas me ajudando e incentivando. Essa cobrança eu carrego sobre mim, me cobro muito em tentar atingir o mínimo possível.

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
E4: Na nossa profissão o medo acho que é constante né, tenho medo de não conseguir ajudar meus alunos, de não poder estar perto deles, quando precisarem, de deixar passar algo simples, mas que faria grande diferença na vida e aprendizado dele, e por ai vai...

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
E4: Muitos, o principal e acho que eu já considerava essencial é a ajuda da família no teu trabalho, as ferramentas digitais, que estou sendo obrigada a aprender a usar e depois quem sabe usar dentro de sala de aula, o nosso próprio aperfeiçoamento, sair da nossa zona de conforto e buscar cada vez mais oportunidades de ajudar nossos alunos.

(* resposta opcional)

Quero agradecer a participação da professora neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

COMO FICA A ALFABETIZAÇÃO NESSA PANDEMIA?

ENTREVISTA 03

Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Laura Corrêa, que atua em uma escola da zona rural de Gravataí/RS, para cujos estudantes o impacto do isolamento social é diferente do causado à maioria dos estudantes da cidade.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Laura: Laura Jane Corrêa , leciono na EMEF Costa do Ipiranga  para o 1º ano  do Ensino Fundamental

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
Laura: Os alunos são  moradores da zona rural ,  todos dentro da faixa etária,  a turma  na maioria são  participativa , interessada, comunicativa. 

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Laura: Não, os alunos  estudavam no Pré  em turno contrário ao que leciono.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Laura: Na verdade estou reinventando e testando melhores forma de comunicação com os alunos e seus familiares, a escola formou grupos no WhatsAppp  e estava  encaminhando algumas atividades para os alunos realizar e mandar fotos por esse aplicativo, os vídeos eram mesmo só com instruções da atividades , pois gastavam muitos dados móveis e a internet é restrita.  Quando o município iniciou as aulas remotas e preferencialmente  as atividades  seriam entregues impressas.   Procuro encaminhar atividades  lúdicas , mas também de alfabetização  em folhas impressa de forma que a família possa ajudar. Muitas atividades de recortar, colar, montar, aproveitar o que tenham em casa.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Laura: É bem complicado e me angustia muito toda vez que vou a escola entregar as atividades para os pais, olho aquelas folhas e tento imaginar o que se passou naquelas cabecinhas na hora de resolver as atividades, me angustia porque já eram pra maioria estar lendo.  Sempre pergunto aos pais se tiveram dificuldade? Se conseguiram fazer com facilidade? Se gostaram? Se estão lendo alguma coisa? Conforme o que me respondem eu levo sempre uma ou duas atividades com novas letras e conteúdos para os que já estão silábicos.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Laura: Muitas vezes sim no retorno das atividades , nos vídeos e fotos que eles nos encaminham. Mas como em toda turma tem aqueles que não participam muito e não estão nem aí, e infelizmente não podem contar nem com a ajuda da família. 

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Laura: Seria muito viável se fosse possível  focar em cada criança individualmente 100%, mas infelizmente  por mais que tentamos ainda  não é possível, podemos dar atenção individual , explicar  diferente , mas trabalhar coma aptidão de cada um acho  que a educação no Brasil ainda tem que percorrer muito chão.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Laura: Na verdade ainda não tenho um critério de avaliação  definida para este contexto, por enquanto  estou avaliando as famílias que ajudam, o que elas estão fazendo pra contribuir  com a alfabetização de seus filhos, avalio o capricho das atividades, o interesse com que eles realizam . Tem atividade que volta com a letra da mãe ou de irmãos , porque não tem paciência de ensinar.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Laura: Em alguns  sim, pelos relatos dos pais e através dos vídeos que eles mandam. No início de julho realizamos uma gincana  julina e havia várias provas que os alunos deveriam realizar e mandar os vídeos e fotos. E a alegria que muitos apareciam em estar realizando  as provas  é sinal de: Quero mais!

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Laura: Como em toda escola sempre tem aqueles pais que se preocupam realmente com a educação dos filhos.  E  sim eu tenho pais que ajudam a alfabetizar, são os pais dos alunos  silábicos .

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Laura: Tirando aqueles que só pensam em estudar e  aprender a ler, e que estão ansiosos para voltar pra escola, conforme relatos dos pais estão bem, tranqüilos e brincam bastante. É a vantagem de morar na zona rural , tem tanta coisa pra fazer e brincar. Sem dizer que não sentem falta de sair e passear, a maioria não tem essa rotina.

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Laura: Prontos  apenas a minoria.  Nem eu estou pronta pra mandar as atividades, fico um tempão pensando o que mandar? Como mandar? Será que vão gostar? Faço várias atividades e depois troco várias vezes. E quando está tudo pronto ainda fico na dúvida. 

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Laura: Ainda não participei , acho que seria interessante .  Aprender  é sempre bom .

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Laura: Não, pelos resultados  não, mas nos cobram bastante sobre o que estamos encaminhando para os alunos. Não me sinto pressionada em nenhum momento.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Laura: Até agora  não.  Espero que isso não aconteça. 

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Laura: No contexto atual sinto um desconforto sim. Por não poder ajudar e fazer o meu trabalho cara-a-cara  com os alunos, faz muita falta a atenção, o carinho ,  o turbilhão de emoções  que as crianças provocam.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Laura: Estou com turma de 1° ano  apenas 2 anos.  Antes de lecionar para o 1º ano sempre tive medo da alfabetização, porque este é o alicerce , a estrutura da vida escolar de uma criança, e a responsabilidade é muito grande.  E este ano  estou aprendendo  que alfabetizar  exige muita dedicação e que é necessário o contato e amor . nosso amor para com eles e vice-versa. 

(* resposta opcional)


Quero agradecer a participação da professora Laura neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

terça-feira, 4 de agosto de 2020

ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA

ENTREVISTA 02


Olá!

Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Luciana, que atua em uma escola especial para estudantes surdos e vive esse desafio de uma forma um pouco diferente.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Lu: Luciana – Escola EMEES – Escola Municipal de Ensino Especial para Surdos. 

Trabalho com Educação Infantil.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
Lu: Tenho cinco alunos surdos que são de  Gravataí e Cachoeirinha. As idades são 4 e 5 anos.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Lu: Somente uma aluna que frequentou o ano passado o Pré1, hoje está no Pré 2.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Lu: O trabalho é realizado através do grupo de watts que foi criado com as famílias dos alunos. Após traçar objetivos, crio as atividades, principalmente jogos, brincadeiras, histórias infantis, muitos recursos visuais. Para cada Jogo ou atividade a ser desenvolvida gravo um vídeo explicativo em libras, para que os alunos compreendam a tarefa. As atividades são entregues impressas com antecedência para as famílias. Por serem alunos muito pequenos e ainda adquirindo a Língua de Sinais, opto por atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras. Confeccionando sempre os jogos um para cada aluno.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Lu: Todos os alunos estão na fase de alfabetização, por serem poucos alunos a dinâmica é tranquila.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Lu: Com certeza, pois além da devolução das atividades, as famílias postam fotos e vídeos das crianças realizando as atividades. Por ser uma turminha pequena, torna-se mais fácil conhecer cada um e ter um envolvimento mais estreito com as famílias.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Lu: Sim. Por se tratar de uma turma pequena, a interação entre professor e aluno é mais eficaz, possibilitando uma análise mais detalhada de todas as atividades e resultados observados.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Lu: A avaliação segue os mesmos critérios da sala de aula, é um processo contínuo com observação atenta a cada foto, a cada vídeo ou tarefa entregue. A diferença é que os pais têm um papel importante nessa interação entre o aluno e professor.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Lu: Percebe constantemente o interesse do aluno surdo em adquirir novos sinais em seu vocabulário em libras, do mesmo modo que as crianças ouvintes buscam esse aprendizado na língua portuguesa.  Nessa etapa da educação infantil tudo é muito lúdico, o aprender brincando está em todas as categorias, acredito que neste momento a leitura (pseudoleitura) de imagem ou figuras torna-se uma ferramenta importante na construção do aprendizado.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Lu: Com certeza, as famílias possuem um papel importantíssimo nesse momento em que as tecnologias estão se fazendo necessárias.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Lu: Sim. Consegui conquistar laços com as famílias e temos muitas trocas de experiências tanto no particular como no grupo. 

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Lu: Sim

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Lu: Não fiz nenhum curso, já li sobre o assunto. Gostaria.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Lu: Não

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Lu: Percebo famílias mais presentes na educação de seus filhos, assumindo um papel que antes era somente delegado à escola. Vejo professores (meus colegas de escola) buscando ferramentas para melhor alcançar o aprendizado do seu aluno, possuindo sempre um olhar individual para cada aluno. 

(* resposta opcional)


Quero agradecer a participação da professora Luciana neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

domingo, 2 de agosto de 2020

COMO FICA A ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA?


Um dos principais desafios de quem trabalha com educação neste ano é atender crianças em fase de alfabetização.

Nos últimos dias, entrevistei professoras de diferentes escolas sobre o assunto e fiquei impressionada com o tamanho da dificuldade que enfrentam.

É claro que nem tudo o que conversamos será exposto aqui, até mesmo por uma questão de respeito e discrição.

A primeira entrevista que trago pra vocês é de uma profissional muito competente que me pede sigilo de sua identidade.

ENTREVISTA 01


Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
E1: Prefiro sigilo. Rede pública municipal de Gravataí.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
E1: Crianças de 5 e 6 anos. Todos fizeram pré escola, porém dois não sabiam escrever o nome (vieram de creche). São muito afetivos, ativos, solidários.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
E1: Alguns já conhecia porque frequentavam o pré na (mesma) escola.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
E1: Até então estava enviando atividades referentes ao que já havia trabalhado (revisão das vogais, alfabeto, números até 10).

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
E1: Costumo fazer grupos em sala de aula. Colocando  alunos de diferentes níveis juntos. As atividades são as mesmas, mas mudo um pouco na forma de aplicar.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
E1: À distância fica muito difícil. Como os pais ajudam, fica complicado perceber no que a criança teve dificuldade.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
E1: Acho que pode-se focar, porém é necessário trabalhar tudo o que for possível.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
E1: Não tem como avaliar nessa modalidade.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
E1: Eu acho que sim, mas assim, quando as mães relatam alguma coisa, não pela correção das atividades. Eu acho que pro primeiro ano tá bem complicado ser assim a distância. Por que assim, a gente avalia muito como a criança reage na sala né, quando a gente tá junto, acompanhando. Porque várias crianças com dificuldade vêm com tema perfeito né, então a gente nunca sabe até que ponto os pais às vezes naquela ânsia, naquela angustia de querer ajudar os filhos acabam meio que fazendo por eles e eles só copiam então eu acho que não tem como perceber esse tipo de coisa sem um relato dos pais ou sem um acompanhamento.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
E1: Sim. Alguns pais entram em contato, tiram dúvidas né, mas tem muitos que não, que as vezes nem visualizam as mensagens do grupo

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
E1: Ah, eu acho que agora assim, nesse período, eu acho que teve muito desgaste né, eu acho que eles estão cansados de ficar em casa e eu tenho medo de como é que vai ser esse retorno

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
E1: Não me considero apta. É muito difícil acompanhar e avaliar à distância.

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
E1: Não. Mas eu gostaria de aprender sobre isso

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
E1: Sim. Sinto. Muito. É muito cobrado e assim, no primeiro ano a gente sente muita angústia sabe, porque é a base né, então tem que ser bem feito. Então eu pelo menos me sinto muito cobrada e eu me cobro muito. Além de ser cobrada né, pela gestão, eu mesma me cobro muito

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
E1: Em relação as famílias eu acho que tem, mas assim, esse ano, como a gente teve pouco contato com as famílias, né, foi muito pouquinho tempo, então eu não sei como que é. Mas é que assim: cada ano é um perfil diferente. Tanto de turma quanto de pais, né. Tem grupo de pais que são mais participativos, outros não.

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
E1: Se sinto medo e desconforto? Sinto. Sinto muito, muito, muito. Eu tô sempre angustiada, tanto assim nessa parte que a gente tá a distância como quando é presencial. Pra mim não é uma coisa natural assim. Não sei se é porque eu sou muito ansiosa.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
E1: Olha, pra mim tá sendo bem ruim. Muito mesmo. Eu acredito que se eu tivesse dando aula pra alunos assim, a partir do terceiro ano, eu estaria mais tranquila porque pelo menos as crianças poderiam ler as atividades né. Entendendo ou não, poderiam  fazer. Eu acho que seria muito mais tranquilo. Agora primeira série é bem complicado. Eu acho que é a pior série assim , no meu ver, pra fazer ensino a distância. Porque é muito, muito aquela parte ali da afetividade do professor, de tá junto, tá do lado, né, então acho que tá sendo bem ruim essa experiência.

(* resposta opcional)

Quero agradecer a participação da professora neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

domingo, 19 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?


ENTREVISTA 03


Olá!

Seguindo este trabalho de divulgação sobre a distribuição da merenda escolar no período de isolamento social, consegui contato com a Secretaria Municipal de Educação de Cachoeirinha para conhecer a realidade local e encaminhei as perguntas da entrevista. No município, o planejamento das entregas era inicialmente centralizado.

Segue a nota que recebi da Secretária de Educação de Cachoeirinha, Alessandra Santos:

“Com o início do isolamento social, em meados de março deste ano, e com a suspensão das aulas presenciais no Município de Cachoeirinha, o Prefeito Miki Breier constituiu o Comitê da Solidariedade, composto por representantes do Gabinete do Prefeito, SMED e SMASH (Secretaria Municipal de Assistência Social, Cidadania e Habitação).

Nesse período inicial, ainda na gestão da Secretária Rosinha Lippert, a SMED, por meio do referido Comitê, entregava produtos alimentícios diretamente no endereço das famílias indicadas. A entrega era feita pelos servidores públicos da própria Secretaria.

Os produtos eram adquiridos através de doações direcionadas ao Comitê da Solidariedade. Os estudantes beneficiados eram indicados pelos diretores, conforme o grau de vulnerabilidade social e cadastro no Bolsa Família. Após a liberação do FNDE para uso da alimentação escolar aos alunos de vulnerabilidade, as escolas passaram a fazer a entrega da alimentação conforme as listas organizadas pelas próprias direções. Os diretores realizam a entrega conforme a organização de cada escola com sua comunidade, através de agendamentos, evitando-se qualquer tipo de aglomeração.

Desde o início da pandemia, já foram entregues 2.593 kits de alimentação. Com a continuidade desse período de distanciamento social, e aumento das dificuldades financeiras das famílias, seguiremos fazendo entregas periódicas, com os cuidados necessários e seguindo os protocolos da Saúde.”

Quero agradecer o apoio da ex-Secretária de Educação, Rosinha Lippert, que conseguiu essas informações para este blog.

Um grande abraço!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?


ENTREVISTA 02


Hoje trago para vocês a entrevista que fiz com a gestora de uma escola de Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre/RS.

ENTREVISTA COM GISLAINE BORBA RAMOS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA MERENDA ESCOLAR PARA AS FAMÍLIAS NECESSITADAS:

Ce: Qual seu nome, cargo e escola?
R: Gislaine Borba Ramos, diretora na EMEF Professor Barreto Viana (Viamão/RS)

Ce: Qual o perfil social médio (ou predominante) dos estudantes da escola?
R: A escola fica localizado num bairro próximo ao centro da cidade. Tem moradores com condições sociais bem diversificadas. O bairro tem casas de construtoras com financiamentos mas tem também uma boa parte de invasões de áreas verdes, que não tem saneamento.

Ce: Quantas famílias estavam inicialmente previstas para serem atendidas na distribuição da merenda escolar?
R: Desde o início da aprovação desse projeto, a secretaria de educação do município especificou que seria um kit de alimentação por aluno matriculado. No caso da escola, eram 293 alunos matriculados, no boletim estatístico de final de fevereiro. Com a atualização do boletim de março, foram para 303 alunos matriculados.

Ce: Conte um pouco como foi o desafio da primeira entrega.
R: Até agora foi realizada apenas uma entrega, com itens correspondendo aos meses de abril e maio. A secretaria de educação fez a entrega com antecedência e cada escola teve a autonomia de organizar de acordo com a realidade da sua comunidade esta entrega.
    O contato com as famílias se deu pelo Facebook da escola e grupos de WhatsApp das turmas, que já estavam em funcionamento. Fizemos cronograma por turmas e turnos para que não houvesse aglomeração. A entrega foi bem tranquila. Durou 3 dias. Alguns pais que não puderem ir nos dias determinados, abrimos a escola por mais 3 dias, em horários agendados para atender a demanda.

Ce: Qual foi a maior dificuldade enfrentada na distribuição da merenda escolar desde que a lei 13.987/2020 foi sancionada?
R: Acredito que a maior dificuldade, naquele momento, era um medo de contágio, mesmo usando todos os itens previstos para a prevenção, ainda assim, tanto os profissionais quanto as famílias ficavam preocupadas.

Ce: Foi possível atender a todas as famílias beneficiárias?
R: Sim, todas os kits de alimentação forem entregues. Com exceção de 9 famílias que já haviam se mudado do município, mas ainda não tinham efetivado a transferência de seus filhos.

Ce: Houve famílias não localizadas? Em caso afirmativo, como foi feita a distribuição dos alimentos que sobraram?
R: Como foram apenas 9 kits de alimentação, ficaram armazenados na escola, aguardando para serem somadas na próxima entrega.

Ce: Que aprendizado a equipe escolar está tendo com essa experiência?
R: Esse período de quarentena não tem sido fácil e, cada vez mais, é possível perceber a importância da alimentação escolar como política pública fundamental para o bom desempenho dos alunos na escola. Nesse período, há muitos relatos das famílias sobre as dificuldades pelos quais estão passando. Acredito que o aprendizado maior é ter a oportunidade de compreender e reavaliar o papel social da escola em cada comunidade. No retorno às atividades, esse modelo de escola tradicional que temos certamente não dará mais conta da nova realidade. Precisamos avançar em projetos .


Quero agradecer a participação da diretora Gislaine Borba Ramos neste trabalho de divulgação de boas práticas das equipes escolares frente à pandemia.

Uma grande abraço!

quarta-feira, 8 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?

ENTREVISTA 01

Com essa pandemia e isolamento social, as escolas públicas passaram a ter de entregar a merenda escolar aos estudantes de uma maneira diferente.

Hoje, e nos próximos dias, quero trazer pra vocês uma série de entrevistas que fiz com integrantes da gestão de algumas escolas públicas.

ENTREVISTA COM MÁRCIA DAMIANI SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA MERENDA ESCOLAR PARA AS FAMÍLIAS NECESSITADAS:

Ce: Qual seu nome, cargo e escola?
R: Márcia Damiani, diretora da EMEF Presidente Tancredo Neves (Gravataí/RS)

Ce: Qual o perfil médio (ou predominante) dos estudantes da escola?
R: São famílias de baixa renda, ou seja, provenientes de área de risco que foram deslocados, em torno da metade dos alunos da escola, outros que atualmente estão em vulnerabilidade pelo Covid-19.

Ce: Quantas famílias estavam inicialmente previstas para serem atendidas?
R: No começo, estávamos sem o acesso ao programa que nos diz quantos alunos do Bolsa Família (prioridade) e havíamos contabilizado pelo que os pais nos haviam informado na ficha da escola: 66 famílias. Porém, ao sistema voltar, encontramos 52 alunos do Bolsa Família + 14 inclusões + 35 vulneráveis, o que somou 101 num total. Mas veio 82 kits (de alimentos).

Ce: Conte um pouco como foi o desafio da primeira entrega:
R: O primeiro desafio foi acessar o sistema do Bolsa Família para sabermos os mais carentes, depois, os contatos telefônicos e endereços desatualizados. Muitos não se conseguiu contato. Os pais não atualizam... e é sempre solicitado na primeira reunião do ano letivo e por bilhete nos cadernos dos alunos. Nossa organização foi separando o que vieram nos dois primeiros ranchos (muito pouco, é por número de alunos) e deu 16 ranchos para a primeira e segunda entregas. Agora esta terceira veio 82 kits fechados e, por incrível que pareça, está difícil localizar alguns pais. Fizemos 2ª chamada e agora estamos na 3ª chamada desse terceiro rancho. Sabemos que os pais precisam, mas somem. Fomos em várias casas e nada. Os primeiros 30 que chegaram receberam os perecíveis com os kits, os demais só o kit e é bem bom.

Ce: Qual foi a maior dificuldade enfrentada na distribuição da merenda escolar desde que a lei 13.987/2020 foi sancionada?
R: Localizar as famílias.

Ce: Foi possível atender a todas as famílias beneficiárias?
R: Sim... uma correria e estamos fazendo o nosso melhor.

Ce: Houve famílias não localizadas? Em caso afirmativo, como foi feita a distribuição do(s) kits(s) que sobraram?
R: Foi consultado o Conselho Escolar, porque para atender o máximo possível, entregamos um kit por família seguindo a orientação da secretaria de: 1º) Bolsa Família, 2º) Inclusão, 3º) Mais vulneráveis; porém, no final ficamos com 11 que não conseguimos contato e o Conselho permitiu redistribuir para os que têm irmão com Bolsa Família entregar mais um kit. Assim estamos com 6. Que fizemos nova rodada e estamos entregando nesta semana dos novos selecionados.

Ce: Que aprendizado a equipe escolar está tendo com essa experiência?
R: Primeiro que, mesmo estando a serviço da comunidade, fazendo nosso melhor, indo atrás, nos arriscando com nossos carros e se expondo ao Covid-19, muitos pais não valorizam, e ficamos tristes pelas crianças que não receberam esse alimento por descaso ou por ignorância dos pais. Essa ignorância que me refiro é falta de iniciativa de ir em busca da informação ou pura acomodação.


Quero agradecer a participação da diretora Márcia Damiani neste trabalho de divulgação de boas práticas das equipes escolares frente à pandemia.

Uma grande abraço!