terça-feira, 4 de agosto de 2020

ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA

ENTREVISTA 02


Olá!

Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Luciana, que atua em uma escola especial para estudantes surdos e vive esse desafio de uma forma um pouco diferente.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Lu: Luciana – Escola EMEES – Escola Municipal de Ensino Especial para Surdos. 

Trabalho com Educação Infantil.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
Lu: Tenho cinco alunos surdos que são de  Gravataí e Cachoeirinha. As idades são 4 e 5 anos.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Lu: Somente uma aluna que frequentou o ano passado o Pré1, hoje está no Pré 2.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Lu: O trabalho é realizado através do grupo de watts que foi criado com as famílias dos alunos. Após traçar objetivos, crio as atividades, principalmente jogos, brincadeiras, histórias infantis, muitos recursos visuais. Para cada Jogo ou atividade a ser desenvolvida gravo um vídeo explicativo em libras, para que os alunos compreendam a tarefa. As atividades são entregues impressas com antecedência para as famílias. Por serem alunos muito pequenos e ainda adquirindo a Língua de Sinais, opto por atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras. Confeccionando sempre os jogos um para cada aluno.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Lu: Todos os alunos estão na fase de alfabetização, por serem poucos alunos a dinâmica é tranquila.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Lu: Com certeza, pois além da devolução das atividades, as famílias postam fotos e vídeos das crianças realizando as atividades. Por ser uma turminha pequena, torna-se mais fácil conhecer cada um e ter um envolvimento mais estreito com as famílias.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Lu: Sim. Por se tratar de uma turma pequena, a interação entre professor e aluno é mais eficaz, possibilitando uma análise mais detalhada de todas as atividades e resultados observados.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Lu: A avaliação segue os mesmos critérios da sala de aula, é um processo contínuo com observação atenta a cada foto, a cada vídeo ou tarefa entregue. A diferença é que os pais têm um papel importante nessa interação entre o aluno e professor.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Lu: Percebe constantemente o interesse do aluno surdo em adquirir novos sinais em seu vocabulário em libras, do mesmo modo que as crianças ouvintes buscam esse aprendizado na língua portuguesa.  Nessa etapa da educação infantil tudo é muito lúdico, o aprender brincando está em todas as categorias, acredito que neste momento a leitura (pseudoleitura) de imagem ou figuras torna-se uma ferramenta importante na construção do aprendizado.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Lu: Com certeza, as famílias possuem um papel importantíssimo nesse momento em que as tecnologias estão se fazendo necessárias.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Lu: Sim. Consegui conquistar laços com as famílias e temos muitas trocas de experiências tanto no particular como no grupo. 

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Lu: Sim

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Lu: Não fiz nenhum curso, já li sobre o assunto. Gostaria.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Lu: Não

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Lu: Percebo famílias mais presentes na educação de seus filhos, assumindo um papel que antes era somente delegado à escola. Vejo professores (meus colegas de escola) buscando ferramentas para melhor alcançar o aprendizado do seu aluno, possuindo sempre um olhar individual para cada aluno. 

(* resposta opcional)


Quero agradecer a participação da professora Luciana neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

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