ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA
ENTREVISTA 02
Olá!
Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Luciana, que atua em uma escola especial para estudantes surdos e vive esse desafio de uma forma um pouco diferente.
Ce: Qual o
seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Lu: Luciana – Escola EMEES – Escola
Municipal de Ensino Especial para Surdos.
Trabalho com Educação Infantil.
Ce: Qual o
perfil dos estudantes da turma?
Lu: Tenho cinco alunos surdos que são
de Gravataí e Cachoeirinha. As idades são 4 e 5 anos.
Ce: Você
já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Lu: Somente uma aluna que frequentou o ano
passado o Pré1, hoje está no Pré 2.
Ce: Fale
um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Lu: O trabalho é realizado através do grupo
de watts que foi criado com as famílias dos alunos. Após traçar objetivos, crio
as atividades, principalmente jogos, brincadeiras, histórias infantis, muitos
recursos visuais. Para cada Jogo ou atividade a ser desenvolvida gravo um vídeo
explicativo em libras, para que os alunos compreendam a tarefa. As atividades
são entregues impressas com antecedência para as famílias. Por serem alunos
muito pequenos e ainda adquirindo a Língua de Sinais, opto por atividades
lúdicas, como jogos e brincadeiras. Confeccionando sempre os jogos um para cada
aluno.
Ce: Se sua
turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas,
semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade
cognitiva?
Lu: Todos os alunos estão na fase de
alfabetização, por serem poucos alunos a dinâmica é tranquila.
Ce: Você
consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada
estudante?
Lu: Com certeza, pois além da devolução das
atividades, as famílias postam fotos e vídeos das crianças realizando as
atividades. Por ser uma turminha pequena, torna-se mais fácil conhecer cada um
e ter um envolvimento mais estreito com as famílias.
Ce: Você
considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Lu: Sim. Por se tratar de uma turma
pequena, a interação entre professor e aluno é mais eficaz, possibilitando uma
análise mais detalhada de todas as atividades e resultados observados.
Ce: Quais
são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Lu: A avaliação segue os mesmos critérios
da sala de aula, é um processo contínuo com observação atenta a cada foto, a
cada vídeo ou tarefa entregue. A diferença é que os pais têm um papel
importante nessa interação entre o aluno e professor.
Ce: Você
consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler?
Fale um pouco mais sobre isso.
Lu: Percebe constantemente o interesse do
aluno surdo em adquirir novos sinais em seu vocabulário em libras, do mesmo
modo que as crianças ouvintes buscam esse aprendizado na língua
portuguesa. Nessa etapa da educação infantil tudo é muito lúdico, o
aprender brincando está em todas as categorias, acredito que neste momento a
leitura (pseudoleitura) de imagem ou figuras torna-se uma ferramenta importante
na construção do aprendizado.
Ce: Você
conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Lu: Com certeza, as famílias possuem um
papel importantíssimo nesse momento em que as tecnologias estão se fazendo
necessárias.
Ce: O que
você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Lu: Sim. Consegui conquistar laços com as
famílias e temos muitas trocas de experiências tanto no particular como no
grupo.
Ce: Você
consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos
para as atividades propostas?
Lu: Sim
Ce: Você
já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou
inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Lu: Não fiz nenhum curso, já li sobre o
assunto. Gostaria.
Ce: Você
se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos
resultados dos estudantes?
Lu: Não
Ce: Você
se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Lu: Não
Ce: Você
sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Lu: Não
Ce: Que
aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Lu: Percebo famílias mais presentes na
educação de seus filhos, assumindo um papel que antes era somente delegado à
escola. Vejo professores (meus colegas de escola) buscando ferramentas para
melhor alcançar o aprendizado do seu aluno, possuindo sempre um olhar
individual para cada aluno.
(* resposta opcional)
Quero agradecer a participação da professora Luciana neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.
Uma grande abraço!
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