COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?
ENTREVISTA 01
Com essa pandemia e isolamento social, as escolas públicas passaram a ter de entregar a merenda escolar aos estudantes de uma maneira diferente.
Hoje, e nos próximos dias, quero trazer pra vocês uma série de entrevistas que fiz com integrantes da gestão de algumas escolas públicas.
ENTREVISTA COM MÁRCIA DAMIANI SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA MERENDA ESCOLAR PARA AS FAMÍLIAS NECESSITADAS:
Ce: Qual seu nome, cargo e escola?
R: Márcia Damiani, diretora da EMEF Presidente Tancredo Neves (Gravataí/RS)
Ce: Qual o perfil médio (ou predominante) dos estudantes da escola?
R: São famílias de baixa renda, ou seja, provenientes de área de risco que foram deslocados, em torno da metade dos alunos da escola, outros que atualmente estão em vulnerabilidade pelo Covid-19.
Ce: Quantas famílias estavam inicialmente previstas para serem atendidas?
R: No começo, estávamos sem o acesso ao programa que nos diz quantos alunos do Bolsa Família (prioridade) e havíamos contabilizado pelo que os pais nos haviam informado na ficha da escola: 66 famílias. Porém, ao sistema voltar, encontramos 52 alunos do Bolsa Família + 14 inclusões + 35 vulneráveis, o que somou 101 num total. Mas veio 82 kits (de alimentos).
Ce: Conte um pouco como foi o desafio da primeira entrega:
R: O primeiro desafio foi acessar o sistema do Bolsa Família para sabermos os mais carentes, depois, os contatos telefônicos e endereços desatualizados. Muitos não se conseguiu contato. Os pais não atualizam... e é sempre solicitado na primeira reunião do ano letivo e por bilhete nos cadernos dos alunos. Nossa organização foi separando o que vieram nos dois primeiros ranchos (muito pouco, é por número de alunos) e deu 16 ranchos para a primeira e segunda entregas. Agora esta terceira veio 82 kits fechados e, por incrível que pareça, está difícil localizar alguns pais. Fizemos 2ª chamada e agora estamos na 3ª chamada desse terceiro rancho. Sabemos que os pais precisam, mas somem. Fomos em várias casas e nada. Os primeiros 30 que chegaram receberam os perecíveis com os kits, os demais só o kit e é bem bom.
Ce: Qual foi a maior dificuldade enfrentada na distribuição da merenda escolar desde que a lei 13.987/2020 foi sancionada?
R: Localizar as famílias.
Ce: Foi possível atender a todas as famílias beneficiárias?
R: Sim... uma correria e estamos fazendo o nosso melhor.
Ce: Houve famílias não localizadas? Em caso afirmativo, como foi feita a distribuição do(s) kits(s) que sobraram?
R: Foi consultado o Conselho Escolar, porque para atender o máximo possível, entregamos um kit por família seguindo a orientação da secretaria de: 1º) Bolsa Família, 2º) Inclusão, 3º) Mais vulneráveis; porém, no final ficamos com 11 que não conseguimos contato e o Conselho permitiu redistribuir para os que têm irmão com Bolsa Família entregar mais um kit. Assim estamos com 6. Que fizemos nova rodada e estamos entregando nesta semana dos novos selecionados.
Ce: Que aprendizado a equipe escolar está tendo com essa experiência?
R: Primeiro que, mesmo estando a serviço da comunidade, fazendo nosso melhor, indo atrás, nos arriscando com nossos carros e se expondo ao Covid-19, muitos pais não valorizam, e ficamos tristes pelas crianças que não receberam esse alimento por descaso ou por ignorância dos pais. Essa ignorância que me refiro é falta de iniciativa de ir em busca da informação ou pura acomodação.
Quero agradecer a participação da diretora Márcia Damiani neste trabalho de divulgação de boas práticas das equipes escolares frente à pandemia.
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