sexta-feira, 7 de agosto de 2020

COMO FICA A ALFABETIZAÇÃO NESSA PANDEMIA?

ENTREVISTA 03

Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Laura Corrêa, que atua em uma escola da zona rural de Gravataí/RS, para cujos estudantes o impacto do isolamento social é diferente do causado à maioria dos estudantes da cidade.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Laura: Laura Jane Corrêa , leciono na EMEF Costa do Ipiranga  para o 1º ano  do Ensino Fundamental

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
Laura: Os alunos são  moradores da zona rural ,  todos dentro da faixa etária,  a turma  na maioria são  participativa , interessada, comunicativa. 

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Laura: Não, os alunos  estudavam no Pré  em turno contrário ao que leciono.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Laura: Na verdade estou reinventando e testando melhores forma de comunicação com os alunos e seus familiares, a escola formou grupos no WhatsAppp  e estava  encaminhando algumas atividades para os alunos realizar e mandar fotos por esse aplicativo, os vídeos eram mesmo só com instruções da atividades , pois gastavam muitos dados móveis e a internet é restrita.  Quando o município iniciou as aulas remotas e preferencialmente  as atividades  seriam entregues impressas.   Procuro encaminhar atividades  lúdicas , mas também de alfabetização  em folhas impressa de forma que a família possa ajudar. Muitas atividades de recortar, colar, montar, aproveitar o que tenham em casa.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Laura: É bem complicado e me angustia muito toda vez que vou a escola entregar as atividades para os pais, olho aquelas folhas e tento imaginar o que se passou naquelas cabecinhas na hora de resolver as atividades, me angustia porque já eram pra maioria estar lendo.  Sempre pergunto aos pais se tiveram dificuldade? Se conseguiram fazer com facilidade? Se gostaram? Se estão lendo alguma coisa? Conforme o que me respondem eu levo sempre uma ou duas atividades com novas letras e conteúdos para os que já estão silábicos.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Laura: Muitas vezes sim no retorno das atividades , nos vídeos e fotos que eles nos encaminham. Mas como em toda turma tem aqueles que não participam muito e não estão nem aí, e infelizmente não podem contar nem com a ajuda da família. 

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Laura: Seria muito viável se fosse possível  focar em cada criança individualmente 100%, mas infelizmente  por mais que tentamos ainda  não é possível, podemos dar atenção individual , explicar  diferente , mas trabalhar coma aptidão de cada um acho  que a educação no Brasil ainda tem que percorrer muito chão.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Laura: Na verdade ainda não tenho um critério de avaliação  definida para este contexto, por enquanto  estou avaliando as famílias que ajudam, o que elas estão fazendo pra contribuir  com a alfabetização de seus filhos, avalio o capricho das atividades, o interesse com que eles realizam . Tem atividade que volta com a letra da mãe ou de irmãos , porque não tem paciência de ensinar.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Laura: Em alguns  sim, pelos relatos dos pais e através dos vídeos que eles mandam. No início de julho realizamos uma gincana  julina e havia várias provas que os alunos deveriam realizar e mandar os vídeos e fotos. E a alegria que muitos apareciam em estar realizando  as provas  é sinal de: Quero mais!

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Laura: Como em toda escola sempre tem aqueles pais que se preocupam realmente com a educação dos filhos.  E  sim eu tenho pais que ajudam a alfabetizar, são os pais dos alunos  silábicos .

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Laura: Tirando aqueles que só pensam em estudar e  aprender a ler, e que estão ansiosos para voltar pra escola, conforme relatos dos pais estão bem, tranqüilos e brincam bastante. É a vantagem de morar na zona rural , tem tanta coisa pra fazer e brincar. Sem dizer que não sentem falta de sair e passear, a maioria não tem essa rotina.

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Laura: Prontos  apenas a minoria.  Nem eu estou pronta pra mandar as atividades, fico um tempão pensando o que mandar? Como mandar? Será que vão gostar? Faço várias atividades e depois troco várias vezes. E quando está tudo pronto ainda fico na dúvida. 

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Laura: Ainda não participei , acho que seria interessante .  Aprender  é sempre bom .

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Laura: Não, pelos resultados  não, mas nos cobram bastante sobre o que estamos encaminhando para os alunos. Não me sinto pressionada em nenhum momento.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Laura: Até agora  não.  Espero que isso não aconteça. 

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Laura: No contexto atual sinto um desconforto sim. Por não poder ajudar e fazer o meu trabalho cara-a-cara  com os alunos, faz muita falta a atenção, o carinho ,  o turbilhão de emoções  que as crianças provocam.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Laura: Estou com turma de 1° ano  apenas 2 anos.  Antes de lecionar para o 1º ano sempre tive medo da alfabetização, porque este é o alicerce , a estrutura da vida escolar de uma criança, e a responsabilidade é muito grande.  E este ano  estou aprendendo  que alfabetizar  exige muita dedicação e que é necessário o contato e amor . nosso amor para com eles e vice-versa. 

(* resposta opcional)


Quero agradecer a participação da professora Laura neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

terça-feira, 4 de agosto de 2020

ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA

ENTREVISTA 02


Olá!

Hoje trago para vocês a entrevista com a professora Luciana, que atua em uma escola especial para estudantes surdos e vive esse desafio de uma forma um pouco diferente.

Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
Lu: Luciana – Escola EMEES – Escola Municipal de Ensino Especial para Surdos. 

Trabalho com Educação Infantil.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
Lu: Tenho cinco alunos surdos que são de  Gravataí e Cachoeirinha. As idades são 4 e 5 anos.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
Lu: Somente uma aluna que frequentou o ano passado o Pré1, hoje está no Pré 2.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
Lu: O trabalho é realizado através do grupo de watts que foi criado com as famílias dos alunos. Após traçar objetivos, crio as atividades, principalmente jogos, brincadeiras, histórias infantis, muitos recursos visuais. Para cada Jogo ou atividade a ser desenvolvida gravo um vídeo explicativo em libras, para que os alunos compreendam a tarefa. As atividades são entregues impressas com antecedência para as famílias. Por serem alunos muito pequenos e ainda adquirindo a Língua de Sinais, opto por atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras. Confeccionando sempre os jogos um para cada aluno.

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
Lu: Todos os alunos estão na fase de alfabetização, por serem poucos alunos a dinâmica é tranquila.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
Lu: Com certeza, pois além da devolução das atividades, as famílias postam fotos e vídeos das crianças realizando as atividades. Por ser uma turminha pequena, torna-se mais fácil conhecer cada um e ter um envolvimento mais estreito com as famílias.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
Lu: Sim. Por se tratar de uma turma pequena, a interação entre professor e aluno é mais eficaz, possibilitando uma análise mais detalhada de todas as atividades e resultados observados.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
Lu: A avaliação segue os mesmos critérios da sala de aula, é um processo contínuo com observação atenta a cada foto, a cada vídeo ou tarefa entregue. A diferença é que os pais têm um papel importante nessa interação entre o aluno e professor.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
Lu: Percebe constantemente o interesse do aluno surdo em adquirir novos sinais em seu vocabulário em libras, do mesmo modo que as crianças ouvintes buscam esse aprendizado na língua portuguesa.  Nessa etapa da educação infantil tudo é muito lúdico, o aprender brincando está em todas as categorias, acredito que neste momento a leitura (pseudoleitura) de imagem ou figuras torna-se uma ferramenta importante na construção do aprendizado.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
Lu: Com certeza, as famílias possuem um papel importantíssimo nesse momento em que as tecnologias estão se fazendo necessárias.

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
Lu: Sim. Consegui conquistar laços com as famílias e temos muitas trocas de experiências tanto no particular como no grupo. 

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
Lu: Sim

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
Lu: Não fiz nenhum curso, já li sobre o assunto. Gostaria.

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
Lu: Não

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
Lu: Não

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
Lu: Percebo famílias mais presentes na educação de seus filhos, assumindo um papel que antes era somente delegado à escola. Vejo professores (meus colegas de escola) buscando ferramentas para melhor alcançar o aprendizado do seu aluno, possuindo sempre um olhar individual para cada aluno. 

(* resposta opcional)


Quero agradecer a participação da professora Luciana neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

domingo, 2 de agosto de 2020

COMO FICA A ALFABETIZAÇÃO DURANTE A PANDEMIA?


Um dos principais desafios de quem trabalha com educação neste ano é atender crianças em fase de alfabetização.

Nos últimos dias, entrevistei professoras de diferentes escolas sobre o assunto e fiquei impressionada com o tamanho da dificuldade que enfrentam.

É claro que nem tudo o que conversamos será exposto aqui, até mesmo por uma questão de respeito e discrição.

A primeira entrevista que trago pra vocês é de uma profissional muito competente que me pede sigilo de sua identidade.

ENTREVISTA 01


Ce: Qual o seu nome*, escola* e ano para o qual leciona:
E1: Prefiro sigilo. Rede pública municipal de Gravataí.

Ce: Qual o perfil dos estudantes da turma?
E1: Crianças de 5 e 6 anos. Todos fizeram pré escola, porém dois não sabiam escrever o nome (vieram de creche). São muito afetivos, ativos, solidários.

Ce: Você já conhecia os estudantes antes do início deste ano?
E1: Alguns já conhecia porque frequentavam o pré na (mesma) escola.

Ce: Fale um pouco sobre sua metodologia de ensino à distância:
E1: Até então estava enviando atividades referentes ao que já havia trabalhado (revisão das vogais, alfabeto, números até 10).

Ce: Se sua turma possui perfis muito distintos (crianças que já chegaram alfabetizadas, semi alfabetizadas e não alfabetizadas), como você lida com essa diversidade cognitiva?
E1: Costumo fazer grupos em sala de aula. Colocando  alunos de diferentes níveis juntos. As atividades são as mesmas, mas mudo um pouco na forma de aplicar.

Ce: Você consegue perceber, à distância, quais habilidades se destacam em cada estudante?
E1: À distância fica muito difícil. Como os pais ajudam, fica complicado perceber no que a criança teve dificuldade.

Ce: Você considera viável focar no que cada criança tem mais aptidão? Por quê?
E1: Acho que pode-se focar, porém é necessário trabalhar tudo o que for possível.

Ce: Quais são os seus critérios de avaliação cognitiva no contexto atual?
E1: Não tem como avaliar nessa modalidade.

Ce: Você consegue perceber nos estudantes, neste contexto, o desejo de aprender a ler? Fale um pouco mais sobre isso.
E1: Eu acho que sim, mas assim, quando as mães relatam alguma coisa, não pela correção das atividades. Eu acho que pro primeiro ano tá bem complicado ser assim a distância. Por que assim, a gente avalia muito como a criança reage na sala né, quando a gente tá junto, acompanhando. Porque várias crianças com dificuldade vêm com tema perfeito né, então a gente nunca sabe até que ponto os pais às vezes naquela ânsia, naquela angustia de querer ajudar os filhos acabam meio que fazendo por eles e eles só copiam então eu acho que não tem como perceber esse tipo de coisa sem um relato dos pais ou sem um acompanhamento.

Ce: Você conta com o apoio dos pais neste desafio de ensinar à distância?
E1: Sim. Alguns pais entram em contato, tiram dúvidas né, mas tem muitos que não, que as vezes nem visualizam as mensagens do grupo

Ce: O que você sabe sobre o desenvolvimento emocional dos seus alunos?
E1: Ah, eu acho que agora assim, nesse período, eu acho que teve muito desgaste né, eu acho que eles estão cansados de ficar em casa e eu tenho medo de como é que vai ser esse retorno

Ce: Você consegue perceber, à distância, se seus alunos estão emocionalmente prontos para as atividades propostas?
E1: Não me considero apta. É muito difícil acompanhar e avaliar à distância.

Ce: Você já participou de algum treinamento sobre múltiplas inteligências ou inteligência emocional? Gostaria de aprender mais sobre isso?
E1: Não. Mas eu gostaria de aprender sobre isso

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pela gestão da sua escola em relação aos resultados dos estudantes?
E1: Sim. Sinto. Muito. É muito cobrado e assim, no primeiro ano a gente sente muita angústia sabe, porque é a base né, então tem que ser bem feito. Então eu pelo menos me sinto muito cobrada e eu me cobro muito. Além de ser cobrada né, pela gestão, eu mesma me cobro muito

Ce: Você se sente cobrada/pressionada pelas famílias em relação ao seu trabalho?
E1: Em relação as famílias eu acho que tem, mas assim, esse ano, como a gente teve pouco contato com as famílias, né, foi muito pouquinho tempo, então eu não sei como que é. Mas é que assim: cada ano é um perfil diferente. Tanto de turma quanto de pais, né. Tem grupo de pais que são mais participativos, outros não.

Ce: Você sente algum tipo de medo ou desconforto em relação ao seu trabalho?
E1: Se sinto medo e desconforto? Sinto. Sinto muito, muito, muito. Eu tô sempre angustiada, tanto assim nessa parte que a gente tá a distância como quando é presencial. Pra mim não é uma coisa natural assim. Não sei se é porque eu sou muito ansiosa.

Ce: Que aprendizado você está tendo com essa experiência de educar à distância?
E1: Olha, pra mim tá sendo bem ruim. Muito mesmo. Eu acredito que se eu tivesse dando aula pra alunos assim, a partir do terceiro ano, eu estaria mais tranquila porque pelo menos as crianças poderiam ler as atividades né. Entendendo ou não, poderiam  fazer. Eu acho que seria muito mais tranquilo. Agora primeira série é bem complicado. Eu acho que é a pior série assim , no meu ver, pra fazer ensino a distância. Porque é muito, muito aquela parte ali da afetividade do professor, de tá junto, tá do lado, né, então acho que tá sendo bem ruim essa experiência.

(* resposta opcional)

Quero agradecer a participação da professora neste trabalho sobre a alfabetização em meio à pandemia.

Uma grande abraço!

domingo, 19 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?


ENTREVISTA 03


Olá!

Seguindo este trabalho de divulgação sobre a distribuição da merenda escolar no período de isolamento social, consegui contato com a Secretaria Municipal de Educação de Cachoeirinha para conhecer a realidade local e encaminhei as perguntas da entrevista. No município, o planejamento das entregas era inicialmente centralizado.

Segue a nota que recebi da Secretária de Educação de Cachoeirinha, Alessandra Santos:

“Com o início do isolamento social, em meados de março deste ano, e com a suspensão das aulas presenciais no Município de Cachoeirinha, o Prefeito Miki Breier constituiu o Comitê da Solidariedade, composto por representantes do Gabinete do Prefeito, SMED e SMASH (Secretaria Municipal de Assistência Social, Cidadania e Habitação).

Nesse período inicial, ainda na gestão da Secretária Rosinha Lippert, a SMED, por meio do referido Comitê, entregava produtos alimentícios diretamente no endereço das famílias indicadas. A entrega era feita pelos servidores públicos da própria Secretaria.

Os produtos eram adquiridos através de doações direcionadas ao Comitê da Solidariedade. Os estudantes beneficiados eram indicados pelos diretores, conforme o grau de vulnerabilidade social e cadastro no Bolsa Família. Após a liberação do FNDE para uso da alimentação escolar aos alunos de vulnerabilidade, as escolas passaram a fazer a entrega da alimentação conforme as listas organizadas pelas próprias direções. Os diretores realizam a entrega conforme a organização de cada escola com sua comunidade, através de agendamentos, evitando-se qualquer tipo de aglomeração.

Desde o início da pandemia, já foram entregues 2.593 kits de alimentação. Com a continuidade desse período de distanciamento social, e aumento das dificuldades financeiras das famílias, seguiremos fazendo entregas periódicas, com os cuidados necessários e seguindo os protocolos da Saúde.”

Quero agradecer o apoio da ex-Secretária de Educação, Rosinha Lippert, que conseguiu essas informações para este blog.

Um grande abraço!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?


ENTREVISTA 02


Hoje trago para vocês a entrevista que fiz com a gestora de uma escola de Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre/RS.

ENTREVISTA COM GISLAINE BORBA RAMOS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA MERENDA ESCOLAR PARA AS FAMÍLIAS NECESSITADAS:

Ce: Qual seu nome, cargo e escola?
R: Gislaine Borba Ramos, diretora na EMEF Professor Barreto Viana (Viamão/RS)

Ce: Qual o perfil social médio (ou predominante) dos estudantes da escola?
R: A escola fica localizado num bairro próximo ao centro da cidade. Tem moradores com condições sociais bem diversificadas. O bairro tem casas de construtoras com financiamentos mas tem também uma boa parte de invasões de áreas verdes, que não tem saneamento.

Ce: Quantas famílias estavam inicialmente previstas para serem atendidas na distribuição da merenda escolar?
R: Desde o início da aprovação desse projeto, a secretaria de educação do município especificou que seria um kit de alimentação por aluno matriculado. No caso da escola, eram 293 alunos matriculados, no boletim estatístico de final de fevereiro. Com a atualização do boletim de março, foram para 303 alunos matriculados.

Ce: Conte um pouco como foi o desafio da primeira entrega.
R: Até agora foi realizada apenas uma entrega, com itens correspondendo aos meses de abril e maio. A secretaria de educação fez a entrega com antecedência e cada escola teve a autonomia de organizar de acordo com a realidade da sua comunidade esta entrega.
    O contato com as famílias se deu pelo Facebook da escola e grupos de WhatsApp das turmas, que já estavam em funcionamento. Fizemos cronograma por turmas e turnos para que não houvesse aglomeração. A entrega foi bem tranquila. Durou 3 dias. Alguns pais que não puderem ir nos dias determinados, abrimos a escola por mais 3 dias, em horários agendados para atender a demanda.

Ce: Qual foi a maior dificuldade enfrentada na distribuição da merenda escolar desde que a lei 13.987/2020 foi sancionada?
R: Acredito que a maior dificuldade, naquele momento, era um medo de contágio, mesmo usando todos os itens previstos para a prevenção, ainda assim, tanto os profissionais quanto as famílias ficavam preocupadas.

Ce: Foi possível atender a todas as famílias beneficiárias?
R: Sim, todas os kits de alimentação forem entregues. Com exceção de 9 famílias que já haviam se mudado do município, mas ainda não tinham efetivado a transferência de seus filhos.

Ce: Houve famílias não localizadas? Em caso afirmativo, como foi feita a distribuição dos alimentos que sobraram?
R: Como foram apenas 9 kits de alimentação, ficaram armazenados na escola, aguardando para serem somadas na próxima entrega.

Ce: Que aprendizado a equipe escolar está tendo com essa experiência?
R: Esse período de quarentena não tem sido fácil e, cada vez mais, é possível perceber a importância da alimentação escolar como política pública fundamental para o bom desempenho dos alunos na escola. Nesse período, há muitos relatos das famílias sobre as dificuldades pelos quais estão passando. Acredito que o aprendizado maior é ter a oportunidade de compreender e reavaliar o papel social da escola em cada comunidade. No retorno às atividades, esse modelo de escola tradicional que temos certamente não dará mais conta da nova realidade. Precisamos avançar em projetos .


Quero agradecer a participação da diretora Gislaine Borba Ramos neste trabalho de divulgação de boas práticas das equipes escolares frente à pandemia.

Uma grande abraço!

quarta-feira, 8 de julho de 2020

COMO AS ESCOLAS ESTÃO DISTRIBUINDO A MERENDA ESCOLAR?

ENTREVISTA 01

Com essa pandemia e isolamento social, as escolas públicas passaram a ter de entregar a merenda escolar aos estudantes de uma maneira diferente.

Hoje, e nos próximos dias, quero trazer pra vocês uma série de entrevistas que fiz com integrantes da gestão de algumas escolas públicas.

ENTREVISTA COM MÁRCIA DAMIANI SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DA MERENDA ESCOLAR PARA AS FAMÍLIAS NECESSITADAS:

Ce: Qual seu nome, cargo e escola?
R: Márcia Damiani, diretora da EMEF Presidente Tancredo Neves (Gravataí/RS)

Ce: Qual o perfil médio (ou predominante) dos estudantes da escola?
R: São famílias de baixa renda, ou seja, provenientes de área de risco que foram deslocados, em torno da metade dos alunos da escola, outros que atualmente estão em vulnerabilidade pelo Covid-19.

Ce: Quantas famílias estavam inicialmente previstas para serem atendidas?
R: No começo, estávamos sem o acesso ao programa que nos diz quantos alunos do Bolsa Família (prioridade) e havíamos contabilizado pelo que os pais nos haviam informado na ficha da escola: 66 famílias. Porém, ao sistema voltar, encontramos 52 alunos do Bolsa Família + 14 inclusões + 35 vulneráveis, o que somou 101 num total. Mas veio 82 kits (de alimentos).

Ce: Conte um pouco como foi o desafio da primeira entrega:
R: O primeiro desafio foi acessar o sistema do Bolsa Família para sabermos os mais carentes, depois, os contatos telefônicos e endereços desatualizados. Muitos não se conseguiu contato. Os pais não atualizam... e é sempre solicitado na primeira reunião do ano letivo e por bilhete nos cadernos dos alunos. Nossa organização foi separando o que vieram nos dois primeiros ranchos (muito pouco, é por número de alunos) e deu 16 ranchos para a primeira e segunda entregas. Agora esta terceira veio 82 kits fechados e, por incrível que pareça, está difícil localizar alguns pais. Fizemos 2ª chamada e agora estamos na 3ª chamada desse terceiro rancho. Sabemos que os pais precisam, mas somem. Fomos em várias casas e nada. Os primeiros 30 que chegaram receberam os perecíveis com os kits, os demais só o kit e é bem bom.

Ce: Qual foi a maior dificuldade enfrentada na distribuição da merenda escolar desde que a lei 13.987/2020 foi sancionada?
R: Localizar as famílias.

Ce: Foi possível atender a todas as famílias beneficiárias?
R: Sim... uma correria e estamos fazendo o nosso melhor.

Ce: Houve famílias não localizadas? Em caso afirmativo, como foi feita a distribuição do(s) kits(s) que sobraram?
R: Foi consultado o Conselho Escolar, porque para atender o máximo possível, entregamos um kit por família seguindo a orientação da secretaria de: 1º) Bolsa Família, 2º) Inclusão, 3º) Mais vulneráveis; porém, no final ficamos com 11 que não conseguimos contato e o Conselho permitiu redistribuir para os que têm irmão com Bolsa Família entregar mais um kit. Assim estamos com 6. Que fizemos nova rodada e estamos entregando nesta semana dos novos selecionados.

Ce: Que aprendizado a equipe escolar está tendo com essa experiência?
R: Primeiro que, mesmo estando a serviço da comunidade, fazendo nosso melhor, indo atrás, nos arriscando com nossos carros e se expondo ao Covid-19, muitos pais não valorizam, e ficamos tristes pelas crianças que não receberam esse alimento por descaso ou por ignorância dos pais. Essa ignorância que me refiro é falta de iniciativa de ir em busca da informação ou pura acomodação.


Quero agradecer a participação da diretora Márcia Damiani neste trabalho de divulgação de boas práticas das equipes escolares frente à pandemia.

Uma grande abraço!

sábado, 4 de julho de 2020

DESAFIO INTERDISCIPLINAR


Quanto o ano de 2020 está sendo impactante na sua profissão?

Veja bem, pergunto na profissão, não no emprego. 

Você já parou pra pensar que muitos ofícios estão se remodelando neste cenário?

Quero dividir aqui meu artigo publicado recentemente no site Infoescola sobre uma experiência de planejamento de atividades escolares não presenciais interdisciplinares no contexto da pandemia.


Aproveito para agradecer a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nessa conquista, principalmente aos meus estudantes.

Grande abraço!