Olá!
Hoje quero compartilhar com você um material que meus colegas e eu trabalhamos no ensino remoto em 2020 sobre o ofício dos historiadores e dos geógrafos. Focamos, basicamente, no texto disponível no livro didático adotado pela escola na qual atuamos (rede municipal, região metropolitana de Porto Alegre, área urbana).
O
trabalho dos historiadores e dos geógrafos se assemelha ao trabalho de um
detetive. Enquanto o foco do historiador é a ação do homem através do tempo, o
geógrafo investiga a interação entre os diferentes sistemas tanto da natureza
quanto das sociedades humanas. Sendo assim, História e Geografia buscam de
maneiras diferentes elementos que expliquem por que a sociedade em que vivemos
é da forma que conhecemos.
A
memória é importante para a compreensão da história de um povo. A memória pode
estar guardada nas lembranças dos indivíduos, em documentos, cartas, gravuras e
entre tantos outros produtos de sua cultura. As construções (casas, edifícios
públicos, fontes, etc) e logradouros (ruas, praças, jardins públicos, etc), por
exemplo, preservam a memória de sua cidade. Também para as pessoas que moram na
zona rural, elementos naturais também fazem parte da memória de seus moradores,
como por exemplo nosso rio Gravataí, de onde veio o nome da nossa cidade desde
que essa região era constituída quase totalmente por propriedades rurais. Você
sabe a diferença entre as paisagens urbana e rural?
O
texto a seguir é de autoria de Carolina Maria de Jesus (que viveu entre os anos
de 1914 e 1977), catadora de papel que morava numa favela no Canindé, na zona
norte de São Paulo, numa época em que houve um grande êxodo rural, ou seja,
muitas pessoas saíram do campo e foram morar nas cidades.
No
meio do papelão que recolhia para vender, Carolina encontrou cadernos usados
com folhas em branco e passou a registrar neles seu cotidiano. Os diários de
Carolina foram publicados e se tornaram o livro Quarto do despejo.
“21
DE MAIO (de 1958) Passei uma noite horrível. Sonhei que residia numa casa
residível*, tinha banheiro, cozinha, copa e até quarto de criada. Eu ia
festejar o aniversário da minha filha Vera Eunice. Eu ia comprar-lhe umas
panelinhas que há muito ela vive pedindo. Porque eu estava em condições de
comprar. Sentei na mesa pra comer. A toalha era alva ao lírio. Eu comia bife,
pão com manteiga, batata frita e salada. Quando fui pegar outro bife despertei.
Que realidade amarga! Eu não residia na cidade. Estava na favela. Na lama, às
margens do rio Tietê. E com 9 Cruzeiros
apenas. Não tenho açúcar porque ontem eu saí e os meninos comeram o pouco que
eu tinha.”
JESUS,
Carolina Maria de. Quarto do despejo:
diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1993. p. 35.
(*) As
palavras no texto foram transcritas de acordo com o original.
Vocabulário:
Cruzeiro = moeda corrente no
Brasil nos períodos de 1942 a 1967, de 1970 a 1986 e de 1990 a 1993.
Para aquela ocasião, trouxemos as seguintes opções de exercicios:
Com base nas informações da folha anterior e buscando
relatos antigos entre os seus familiares, responda:
2) Qual é o assunto central tratado no trecho selecionado?
3) Qual é a importância de memórias como as de Carolina Maria de Jesus para entendermos as diferentes realidades da sociedade brasileira? Justifique.
4) Por que é importante preservar anotações como estas?
5) Situações como a contada por Carolina em seu diário ainda acontecem nos dias de hoje?
6) Desenhe e identifique abaixo a realidade das pessoas que moram no meio urbano e no meio rural:
Foi uma experiência interessante, pois conseguimos sondar diferentes habilidades dos estudantes com os quais nunca havíamos trabalhado, visto que eram recém chegados na etapa do Ensino Fundamental II, incluindo a compreensão textual, tão importante no estudo de História, por exemplo.
Espero que você tenha gostado deste conteúdo.
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Forte abraço!
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